domingo, 7 de agosto de 2016

OLIMPÍADAS 2016 E O FANTASMA DO DOPING NO ESPORTE


Genética, medicina do esporte, treinamento e nutrição ainda são a melhores formas de alcançar resultados
A notícia do banimento de mais de cem atletas russos  escancarou de vez os  portais na Rio-2016 para o velho fantasma do doping que assombra os esportes de alto desempenho. Federações internacionais de modalidades como atletismo e levantamento de peso basearam-se nos resultados da investigação realizada pela Agência Mundial Antidoping (WADA), que aponta  uma política de estado para encobrir casos positivos no controle antidoping, na Rússia.
 O conceito de doping diz respeito a três situações, sendo que se duas delas estiverem presentes, uma substância pode ser considerada ilícita. Primeiro, melhorar o desempenho de forma artificial. Segundo, ser prejudicial à saúde. Terceiro, ser contrária aos valores do esporte. Em princípio, as modalidades em que há maior incidência de casos positivos no controle antidoping são as lutas, levantamento de peso, atletismo e natação.
 A WADA, que monitora atletas com auxílio da Interpol, tem o objetivo de assegurar condições de igualdade nas competições, priorizando a preservação da saúde do atleta. A entidade atualiza a lista de substâncias proibidas anualmente  no site  www.wada-ama.org.  A listagem que começa a ser divulgada em novembro e dezembro é publicada no mês de janeiro do ano seguinte. Nela estão substâncias como esteroides anabolizantes (cujas consequências frequentes são infertilidade, agressividade e câncer no fígado), cocaína,  canabis, além de  estimulantes (relacionados a aumento da pressão arterial, arritmias e morte súbita em indivíduos com pré-disposição cardiovascular), reguladores hormonais e diuréticos. 
 De acordo com o especialista em medicina do esporte José Kawazoe Lazzoli, a especialidade lê a prática de exercício físico, do esporte competitivo e do esporte de alto rendimento de maneiras diferentes. “Na medicina do esporte, para um indivíduo poder ser campeão mundial, campeão olímpico em uma determinada modalidade precisa ter genética favorável  somada a treinamento  e nutrição adequados. Há um conjunto muito grande de fatores que constrói um campeão mundial e um campeão olímpico. A diferença entre o primeiro e o décimo colocados é muito pequena, por isso muitos se sentem tentados a recorrer a algo mais para lograr um determinado resultado desportivo”, analisa.
O médico, que também é cardiologista, diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício do Esporte, membro do comitê executivo da Federação Internacional de Medicina do Esporte e ministrou palestra para os médicos que atuarão na missão brasileira Rio-2016, no Comitê Olímpico Brasileiro, adianta que está sendo preparado um documento científico onde constarão as estatísticas sobre controle antidoping dos jogos olímpicos Rio-2016 a ser apresentado no XXVIII Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício do Esporte, com data programada para 13, 14 e 15 de outubro, na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.
 O doping é um assunto a ressaltar até mesmo para quem nunca fez uso dele, como é o caso do atleta petropolitano de mountain bike Henrique Avancini, representante do Brasil na modalidade olímpica. “Eu fiz uma escolha muito tempo atrás, mas é importante alertar os atletas que o caminho do doping não é mais eficiente do que a infinidade de recursos tecnológicos que ajudam no desenvolvimento do atleta de forma lícita. O desenvolvimento para um atleta ‘não dopado’ requer estudo, autoconhecimento, trabalho a longo prazo, evolução por meio de erros e acertos e o principal, maturação esportiva. O atleta ‘dopado’, eventualmente, anda rápido. Eventualmente, vence provas. Porém nunca – nunca mesmo — evolui”, complementa o ciclista, que disputa a prova de Cross-country masculino, no dia 21 de agosto.
 Como é amplamente divulgado, o papel da nutrição na performance de amadores e profissionais é fundamental. O primeiro passo é ter uma alimentação equilibrada e de preferência de acordo com a modalidade praticada. A diferença entre os atletas de maior  pros de menor rendimento está tanto na ingestão calórica quanto na ingestão de nutrientes como carboidratos e proteínas.
 De acordo com a nutricionista Nathália Pinho, que atende na Clínica Cor Diagnose, em Petrópolis, os atletas de maior rendimento têm necessidade de usar suplementos esportivos, saudáveis e éticos específicos para cada modalidade. “Os mais comuns são os à base de carboidratos de absorção rápida ou média, como dextrose, maltodextrina, frutose ou  waxy maize e os feitos de aminoácidos, proteínas e também os de proteínas do soro do leite ou whey protein e a cafeína que têm ganhado cada vez mais destaque em diversas modalidades”, enumera.
 Para a profissional, também é importante alimentar-se em horários regulares, principalmente, antes do treino para proporcionar a energia necessária para a realização da prova e após o treino ou prova, promovendo  uma maior recuperação dos exercícios. Entretanto, a quantidade vai variar de acordo com a modalidade que o atleta ou praticante de atividade física faz. “Existem casos extremos de atletas que podem chegar a consumir cerca de 8000 calorias/dia ou até mais, mas isso varia de acordo também com idade, sexo, quanto tempo pratica a atividade física, qual a intensidade diária, qual modalidade, quantas horas treina por dia, quais tipos de treino, dentre outros fatores”, explica.
 Quando se fala em exercício físico, há uma associação imediata à força, velocidade e questão estética. As pessoas precisam estar conscientes o suficiente para pensar que estão fazendo algo para melhorar a própria saúde, o que torna automaticamente um contrassenso o uso de qualquer metodologia que contrarie este objetivo.

A Clínica Cor Diagnose Cardiologia fica na Rua do Imperador, 804, sexto andar, no Centro de Petrópolis.

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