quarta-feira, 4 de maio de 2016

ENTREVISTA COM DUDU MONSANTO, IDEALIZADOR DO "FRENTE AZUL", MOVIMENTO QUE VISA RECONDUZIR O SERRANO À ELITE DO FUTEBOL


Demétrio do Carmo
vozdamosela@outlook.com

Na mitologia grega a Fênix era um pássaro que, quando morria era devorado pelas chamas, para logo em seguida renascer das próprias cinzas. O simbolismo desta lenda serve neste momento como uma perfeita analogia ao atual momento vivido pelo Serrano Football Club. Atolado em dívidas, sem qualquer ajuda financeira e precisando de reformas estruturais em seu estádio, o centenário clube moselense se viu obrigado em 2014, a abandonar o futebol profissional, abdicando de disputar a Série C do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.  De lá pra cá, o clube ficou reduzido às categorias de base,  conseguindo inclusive bons resultados com a garotada. No entanto todo este cenário está prestes a mudar com a chegada da “Frente Azul”, um movimento surgido no mês de março com o intuito de devolver o Leão da Serra ao seu devido lugar no futebol.


O esforço reúne profissionais de vários setores que vão organizar as finanças e a gestão do clube, visando levar o Serrano de volta à primeira divisão do futebo do Estado. Para tanto, foi lançada com grande êxito a campanha “Camisa com História não Morre”, um financiamento coletivo que está arrecadando fundos para tal empreitada.  A ação, que conta com depoimentos de grandes nomes do futebol, jornalistas esportivos, atletas com passagens pelo Serrano e diversas outras personalidades visa arrecadar R$ 250 mil que serão utlizados para quitar as dívidas com a Federação do Rio de Janeiro (FERJ), reformar o Estadio Atílio Marotti e formar uma equipe competitiva para a disputa da Série C.
Até o fechamento desta edição, o site Kickante, plataforma especializada em crowdfunding, ou seja, um sistema de financiamento coletivo, apontava a quantia de R$24.843,50, arrecadados. A campanha, que tem como um dos idealizadores o jornalista petropolitano da ESPN Dudu Mosanto, se movimenta ainda no intuito de conseguir patrocinadores para o clube.
Em recente declaração dada ao site G1, o  presidente do Serrano, Alexandre Beck, se disse animado e que dá total apoio à causa, já que “este modelo de ajuda não se trata de terceirização do futebol, contrato ou ainda cessão de direitos e que o clube mantém seu estatuto, determinando as regras”.  Alexandre ressaltou ainda credibilidade e a confiança nas pessoas envolvidas no projeto.
Quem quiser ajudar o Leão da Serra nesta empreitada pode fazê-lo doando qualquer quantia acima de R$ 10 até o dia 25 de maio, através do site www.kickante.com.br/campanhas/camisa-com-historia-nao-morre-serrano-fc-0.   Há ainda planos que dão direito a recompensas como camisas retrô, chaveiros e livros.
O Serrano já tem data para o seu retorno: dia 19 de junho contra o Condor, time da Baixada Fluminense. A partida ainda não tem local definido.
Uma peneira no início do mês de maio ajudará o clube a montar o elenco para esta temporada.




VOZ ENTREVISTA


O jornalista esportivo Dudu Mosanto, da ESPN, um dos líderes da Frente Azul, conversou com exclusividade com a reportagem do Voz da Mosela, sobre movimento que visa reestruturar o Serrano Football Club e devolvê-lo à elite do futebol.  Nascido em Petrópolis, Dudu, tem 37 anos e é formado em jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

VOZ DA MOSELA - Como e com quem surgiu a ideia do movimento “Frente Azul” e da campanha “Camisa com História não Morre”?
DUDU MONSTANTO -  Concluí recentemente o curso de Gestão Técnica em Futebol na Universidade do Futebol. Meu trabalho de conclusão de curso foi traçar um planejamento estratégico para o Serrano. Era apenas um exercício, mas quando fui trabalhar na criação de metas e na busca de soluções, vi que era viável tirar o clube da situação precária em que se encontra. Bastava encontrar pessoas de talento dispostas a colaborar com o Serrano e conseguir envolver a cidade no projeto. A primeira parte está resolvida: criamos a Frente Azul, reunindo gente de expressão de dentro e fora da cidade. A partir dela, fomos pensando em soluções para equacionar os problemas e já conseguimos iniciar o parcelamento da dívida do clube com a Federação do Rio, o que tinha impedido o Serrano de jogar o Carioca da Série C em 2015.

VOZ DA MOSELA - Como foi o trabalho de conseguir a adesão de tanta gente importante de várias áreas para apoiar o projeto?
DUDU MONSTANTO - Na formação da Frente Azul, as pessoas que aderiram tinham um carinho grande pelo clube, algum tipo de ligação afetiva que fez com que elas se comovessem e se prontificassem a batalhar pela sobrevivência do clube. Quanto aos depoimentos de gente famosa que está ajudando na divulgação da campanha, são amigos nossos que se comoveram com a situação e fizeram questão de colaborar emprestando o prestígio para engrandecer a campanha.

VOZ DA MOSELA  - Após essa fase inicial de captação de recursos, quais os próximos passos da campanha?
DUDU MONSTANTO - No momento, o mais urgente é conseguir recursos para adequar o estádio Atilio Marotti ao estatuto do torcedor e às exigências da Ferj. Paralelamente a esse trabalho, já iniciamos a montagem da comissão técnica que vai comandar o Serrano em campo, e em 2 de maio começam as peneiras para selecionar nosso elenco para 2016.

VOZ DA MOSELA - A campanha visa apenas reestruturar o futebol profissional do Serrano ou poderá ser estendida a outros esportes futuramente?
DUDU MONSTANTO - Inicialmente estamos concentrando forças no futebol profissional. Se o projeto tiver a adesão da sociedade petropolitana, nada impede que abracemos outras modalidades.

VOZ DA MOSELA  - De que forma Petrópolis pode também se beneficiar do retorno do Serrano a elite do futebol?
DUDU MONSTANTO - O Serrano é mais conhecido como “Serrano de Petrópolis” do que como Serrano Futebol Clube. O time é um cartão de visitas da cidade. Um município como Petrópolis virar as costas para um clube centenário mostra uma sociedade pouco comprometida com suas tradições. Ao mesmo tempo, a retomada do Serrano traria benefícios para todos os setores: hoteleiro, turístico, comércio, serviços... O futebol profissional movimenta a cidade e dá vida ao cenário esportivo local. Gera empregos na mídia, na produção de material esportivo, incentiva as crianças a praticarem esportes... São tantos benefícios que precisaríamos de mais espaço e tempo. Mas resumidamente é um ganho inestimável pra autoestima do cidadão petropolitano e da cidade como um todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário