domingo, 27 de março de 2016

"PETRÓPOLIS TERÁ SEMANA PELA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA


Petrópolis terá, pela primeira vez, uma semana inteira com programação dedicada a relembrar a época da ditadura militar. A Semana pela Memória, Verdade e Justiça, promovida pela Comissão Municipal da Verdade, em conjunto com a Prefeitura, a sociedade civil e entidades parceiras, será aberta pelo prefeito Rubens Bomtempo no dia 1º de abril, logo depois de dar posse aos membros da comissão. A programação, que irá rememorar o Golpe Militar de 1º de abril de 1964 e as torturas e os assassinatos cometidos no período, especialmente em Petrópolis, na Casa da Morte, se estenderá até o dia 7 de abril, com vigília em frente à Casa da Morte, exposições, exibição de filmes, teatro e música. Haverá, ainda, lançamento do livro “Um homem torturado: nos passos de Frei Tito de Alencar”, com a participação do cientista político e membro do Instituto de Estudos da Religião (ISER), Ivo Lesbaupin.


Criada pelo Decreto Municipal nº 893, de 11 de dezembro de 2015, a Comissão Municipal da Verdade é formada por cinco pessoas - Eduardo Navarro Stotz, Maria Helena Arrochellas, Rafane Valoura Paixão, Roberto Carlos Schiffler Neto e João Fabre dos Reis, que atuarão no sentido de examinar e esclarecer as violações de direitos humanos praticadas pela ditadura militar, contribuindo, assim, para a efetivação do direito à memória e à verdade histórica. A comissão vai procurar esclarecer prisões, mortes, desaparecimentos e contribuir para a desapropriação do imóvel que sediou a Casa da Morte, que funcionou no Caxambu no início dos anos 70.

“A Semana pela Memória, Verdade e Justiça representa um novo passo que damos na nossa cidade em relação ao conhecimento da nossa própria história. Será uma oportunidade de aprendermos mais sobre esse período recente da história que tanto afetou o nosso país e também Petrópolis. É uma semana de eventos que, acima de tudo, valorizam a democracia e os direitos humanos”, disse o prefeito Rubens Bomtempo, que empossará os membros da comissão na abertura da semana, no dia 1º de abril, às 19h, na Casa dos Conselhos Municipais Augusto Ângelo Zanatta, na sede da Prefeitura.

Integrante da Comissão Municipal da Verdade, Eduardo Stotz, também destacou a importância do evento. “É uma oportunidade para a cidade se debruçar sobre o seu próprio passado. As coisas que aconteceram no país também aconteceram aqui. Não foi só a Casa da Morte, foram também centenas de prisões, golpes contra o movimento sindical e também contra vereadores do PSB”, disse Stotz.

Os eventos da semana terão início com uma vigília em frente à Casa da Morte no dia 31, antes mesmo da abertura solene da semana. As demais atividades previstas na programação serão realizadas em outros espaços públicos, como a Praça Dom Pedro II; o Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, na Mosela; o Palácio de Cristal; a Praça da Liberdade; o Centro de Cultura Raul de Leoni; a Câmara Municipal; e o Cefet Petrópolis; além da Casa dos Conselhos.


PROGRAMAÇÃO

31 de março (quinta-feira)

20h – Concentração na Praça Dom Pedro II, com a fixação de faixas e cartazes
22h – Caminhada para o Caxambu até a Casa da Morte para vigília

1º de abril (sexta-feira)

0h – Vigília diante da Casa da Morte
19h – Abertura solene da Semana pela Memória, Verdade e Justiça em Petrópolis e posse da Comissão Municipal da Verdade (Casa dos Conselhos Augusto Ângelo Zanatta, na sede da Prefeitura)

2 de abril (sábado)

16h – “A Cultura Urbana Contra a Ditadura Militar” com a banda Gotam CRU e os Curingas (Praça dos Expedicionários)
20h – Apresentação da peça “O trombone e o fuzil” (Theatro Dom Pedro)

3 de abril (domingo)

11h – Ato Religioso em Memória dos Atingidos pela Ditadura (Palácio de Cristal)

4 de abril (segunda-feira)

Manhã e/ou tarde – Atividades nas escolas
À tarde – Exposição “A tortura no regime militar: denúncia e profetismo de Alceu Amoroso Lima” (Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, na Mosela)
À tarde – Exposição “Petrópolis: Ditadura e Resistência” (Centro de Cultura Raul de Leoni)
19h – Lançamento do livro “Um homem torturado: nos passos de Frei Tito de Alencar”, com a participação de Ivo Lesbaupin, do ISER (Cefet-Petrópolis)

5 de abril (terça-feira)

Manhã e/ou tarde – Atividades nas escolas
À tarde – Exposição “A tortura no regime militar: denúncia e profetismo de Alceu Amoroso Lima” (Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, na Mosela)
À tarde – Exposição “Petrópolis: Ditadura e Resistência” (Centro de Cultura Raul de Leoni)
16h – Revogação do projeto de cassação dos vereadores do PSB de 3 de maio de 1964 (Câmara Municipal)
19h – Exibição do filme “O dia que durou 21 anos”. Em seguida, debate com: Maurício Vicente, da UCP; Ricardo Figueiredo de Castro, da UFRJ; e Eduardo Stotz, presidente da Comissão Municipal Petrópolis. (Museu Imperial)

6 de abril (quarta-feira)

Manhã e/ou tarde – Atividades nas escolas
À tarde – Exposição “A tortura no regime militar: denúncia e profetismo de Alceu Amoroso Lima” (Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, na Mosela)
À tarde – Exposição “Petrópolis: Ditadura e Resistência” (Centro de Cultura Raul de Leoni)
18h – Quarta Cultural no Palácio Itaboraí: depoimentos dos familiares das vítimas da Ditadura. Convidado: Procurador Geral do Município, Marcus Vinícius de São Thiago

7 de abril (quinta-feira)
Manhã e/ou tarde – Atividades nas escolas
À tarde – Exposição “A tortura no regime militar: denúncia e profetismo de Alceu Amoroso Lima” (Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, na Mosela)
À tarde – Exposição “Petrópolis: Ditadura e Resistência” (Centro de Cultura Raul de Leoni)
17h – Encerramento da Semana pela Memória, Verdade e Justiça em Petrópolis: Coral  Nheengarecoporanga (CDDH); reapresentação da peça “O trombone e o fuzil”; grupo musical com músicas que marcaram a Ditadura – História de Samba; e leitura de carta aberta dos promotores da Semana solicitando à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência o processo de desapropriação da Casa da Morte. (Praça da Liberdade).

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